terça-feira, 16 de agosto de 2011
A Assunção de Maria
A solenidade da Assunção de Maria, que celebraremos no próximo final de semana, ilumina as orações pela vida consagrada. São tantas formas antigas e atuais de vida religiosa e novas comunidades, que seria louvável que nós, ao agradecermos a Deus por essas vocações de especial consagração, também rezemos pelo aumento e santificação das mesmas. A solenidade da Assunção nos ilumina tanto nessa vocação como também em nossa vocação à eternidade. O Papa Pio XII, com a Constituição Apostólica "Munificentissimus Deus", de 1º de novembro de 1950, proclamou solenemente o dogma da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria: "A glória do Deus Onipotente, que derramou sobre a Virgem Maria o seu favor especial, para a honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte, para a maior glória de sua mãe augustíssima e a alegria e exultação de toda a Igreja, pela autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos santos Apóstolos Pedro e Paulo e a Nossa, pronunciamos, declaramos e definimos o dogma por Deus revelado que: a Imaculada Mãe de Deus sempre Virgem Maria, tendo completado o curso da vida na terra, foi assunta em corpo e alma à glória celeste”. Essa verdade de fé, como a da Imaculada Conceição, se por um lado tenta nos dizer algo sobre o mistério que ocorreu em Maria, de uma forma certamente única, por outro convida-nos a refletir cuidadosamente sobre aquela que é a nossa vocação. Na verdade, a Assunção de deveria nos recordar, no que diz respeito à humanidade, a "regra" de nosso destino final. Deus nos deu essa bela criatura, "Tota pulchra", para que nela todos os homens tenham um "sinal de segura esperança e consolação." Em Maria já se realizou de modo definitivo, cumpriu-se aquilo que será o futuro de cada homem e toda a humanidade: "sermos santos e irrepreensíveis diante de Deus no amor", participar plenamente do destino do Senhor Jesus: "Cristo ressuscitou dentre os mortos, como primícias dos que morreram (...) como todos morrem em Adão, assim todos serão vivificados em Cristo". Maria é a primeira a participar plenamente na ressurreição de seu Filho Jesus; ela, que viveu sua vida totalmente voltada para fazer a vontade de Deus; ela, que estava completamente e permanentemente aberta para a acolhida do Dom da Graça – "cheia de graça". Ela, que viveu sua corporeidade de uma maneira autêntica, é a primeira, depois de Cristo, a participar na Ressurreição: Assunta em corpo e alma! Também para o corpo existe lugar em Deus! O céu já não é para nós uma desconhecida esfera muito distante. Nós temos no céu uma Mãe. A solenidade, que tradicionalmente é celebrada no dia 15 de agosto, no Brasil, quando cai em dia de semana, como neste ano, é transferida para o domingo seguinte, recorda-nos o verdadeiro valor do corpo humano, um corpo que é templo do Espírito Santo, um corpo que está destinado para a glória, para a incorruptibilidade. Recorda-nos também o nosso fim último, a nossa última morada, o nosso destino final...
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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