Como
ele próprio recordou ao meio-dia, na Praça de São Pedro, neste domingo à
tarde, às 17.00, o Papa Francisco deslocou-se à Catedral de Roma, a
Basílica de São João de Latrão, onde foi insediado na sua cátedra
diocese romana, numa missa na qual representantes dos diversos membros
da Igreja local lhe prestaram “obediência”.
A misericórdia e a paciência que constituem “o estilo de Deus” foram
sublinhadas pelo Papa na homilia. Como fizera já ao meio-dia, na praça
de São Pedro, Papa Francisco recordou que este segundo domingo de Páscoa
é designado “da Divina Misericórdia”…. “A misericórdia de Deus: como é
bela esta realidade da fé para a nossa vida! Como é grande e profundo o
amor de Deus por nós! É um amor que não falha, que sempre agarra a nossa
mão, nos sustenta, levanta e guia.
Evocando o Evangelho do dia,
com o apóstolo Tomé que se recusa a crer em Jesus ressuscitado sem
antes ver as feridas da sua crucifixão, Papa Francisco fez notar o modo
paciente como Jesus reage, dando tempo a Tomé para se voltar para Ele:
“Tomé acaba por reconhecer a sua própria pobreza, a sua pouca fé. «Meu
Senhor e meu Deus»: com esta invocação simples mas cheia de fé, responde
à paciência de Jesus. Deixa-se envolver pela misericórdia divina, vê-a à
sua frente, nas feridas das mãos e dos pés, no peito aberto, e
readquire a confiança: é um homem novo, já não incrédulo mas crente.”
A mesma atitude de paciência e misericórdia manifesta-a Jesus com Pedro
que o renegou. E um olhar cheio de ternura o que Jesus lhe dirige…
“Este é o estilo de Deus: não é impaciente como nós, que muitas vezes
queremos tudo e imediatamente, mesmo quando se trata de pessoas. Deus é
paciente connosco, porque nos ama; e quem ama compreende, espera, dá
confiança, não abandona, não corta as pontes, sabe perdoar. Recordemo-lo
na nossa vida de cristãos: Deus sempre espera por nós, mesmo quando nos
afastamos! Ele nunca está longe e, se voltarmos para Ele, está pronto a
abraçar-nos.”
A esta imensa paciência de Deus há-de
corresponder, da nossa parte, a coragem de voltar a Ele, qualquer que
seja o erro ou o pecado que desfeia a nossa vida. Em contraste com as
“propostas mundanas”, optemos pelo “estilo de Jesus”, feito de ternura:
“Ouvimos tantas propostas do mundo ao nosso redor; mas deixemo-nos
conquistar pela proposta de Deus: a proposta d’Ele é uma carícia de
amor. Para Deus, não somos números; somos importantes, antes, somos o
que Ele tem de mais importante; apesar de pecadores, somos aquilo que
Lhe está mais a peito.”
A concluir, como único “programa
pastoral” para a “sua” diocese de Roma (e, afinal, para todo o mundo) a
necessidade de nos “deixarmos envolver pela misericórdia de Deus”, para
sermos nós também pacientes e misericordiosos como Ele. “Amados irmãos e
irmãs, deixemo-nos envolver pela misericórdia de Deus; confiemos na sua
paciência, que sempre nos dá tempo; tenhamos a coragem de voltar para
sua casa, habitar nas feridas do seu amor deixando-nos amar por Ele,
encontrar a sua misericórdia nos Sacramentos. Sentiremos a sua ternura,
sentiremos o seu abraço, e ficaremos nós também mais capazes de
misericórdia, paciência, perdão e amor”.
Ao chegar junto à porta
lateral da basílica, acolhido pelo Cardeal Vigário, o Papa beijou a
cruz, saudando depois as autoridades presentes e descerrando uma lápide
que atribui o João Paulo II o nome da Praça de São João de Latrão.
Tomando depois lugar num carro aberto, o Papa passou junto da multidão
que se encontrava no exterior da basílica. No início da missa
propriamente dita, após uma saudação do Cardeal vigário para a diocese
de Roma, D. Agostino Vallini, o Papa Francisco, muito aplaudido,
insediou-se (sentando-se) na sua sede episcopal de Roma.
A cátedra
(de onde deriva a palavra catedral), embora signifique materialmente
trono ou cadeira episcopal, é uma palavra utilizada em Teologia como
símbolo da autoridade, atribuída em especial à sede de Roma, que preside
sobre todas as outras Igrejas locais na comunidade católica. A Basílica
de São João de Latrão, construída pelo imperador Constantino, é a mais
antiga das quatro basílicas papais de Roma: a sua consagração, no ano
320, é celebrada anualmente no calendário litúrgico da Igreja a 9 de
novembro.
Fonte: Radio Vaticano
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