“A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência cotidiana de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta de múltiplas formas a contínua realização desta promessa: ‘Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo’ (Mt 28,20)”. (Ecclesia de eucharistia, 1). É sempre bom lembrar as origens da Eucaristia: estando prestes a entregar-se para a salvação de toda a humanidade – todas as pessoas, de todos os tempos, de todos os lugares – Jesus, ceando com os seus amigos, oferece-lhes o seu próprio corpo e o seu próprio sangue, dizendo-lhes que repitam essa “fração do pão” em sua memória. O Papa João Paulo II, na Carta Encíclica Ecclesia de eucharistia, de abril deste ano, afirma que a Eucaristia nasceu numa circunstância dramática. Com efeito, “é o sacrifício da cruz que se perpetua nos séculos” (EE, 11). “Este sacrifício é tão decisivo para a salvação do gênero humano que Jesus Cristo realizou-o e retornou ao Pai somente depois de ter nos deixado o meio para dele participarmos, como se nele tivéssemos estado presentes” (idem). É o que a Igreja nos ensina há séculos: na Eucaristia, Jesus revela um amor sem medida, uma delicadeza profunda: parte permanecendo!
“Muitos são os problemas que obscurecem o horizonte do nosso tempo. Basta pensar na urgência de trabalhar pela paz, de colocar nos relacionamentos entre os povos sólidas promessas de justiça e de solidariedade, de defender a vida humana da concepção ao seu fim natural. E o que dizer das mil contradições de um mundo ‘globalizado’, onde os mais frágeis, os menores e os mais pobres parecem ter bem pouco a esperar? Também por isso o Senhor quis permanecer conosco na Eucaristia, inscrevendo nesta sua presença sacrifical a promessa de uma humanidade renovada pelo seu amor” (EE, 20). Seguindo a exigência de Jesus: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19), todos os dias a Igreja torna atual o sacrifício pascal – paixão, morte e ressurreição de Cristo –, pois, “unindo-se a Cristo, o povo da nova aliança, longe de fechar-se em si mesmo, torna-se ‘sacramento’ para a humanidade, sinal e instrumento da salvação operada por Cristo, luz do mundo e sal da terra (cf. Mt 5,13-16)” (EE, 22). E o Papa acrescenta: “Na comunhão eucarística se realiza de modo sublime a “morada” recíproca de Cristo e do discípulo: ‘Permanecei em mim e eu em vós’ (Jo 15,4)” (idem). Assim, “a Igreja vive de Cristo eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada” (EE, 6).
A Eucaristia em todo lugar
O Papa pensa com amor também no caráter universal e, por que não dizer, cósmico da Santa Eucaristia: “Ela une o céu e a terra. Compreende e pervade toda a criação. O Filho de Deus se fez homem para restituir toda a criação, em um supremo ato de louvor, àquele que a fez do nada” (EE, 8). E mais, onde quer que seja celebrada a Eucaristia – junto às colinas, à beira da praia, nas margens do rio, nas capelas campestres, nas catedrais, nas praças ou ginásios... – é sempre o mesmo Cristo que é imolado “sobre o altar do mundo”, unindo o céu e a terra, o tempo e o espaço. João Paulo II faz um lamento: “Infelizmente... não faltam as sombras. De fato, existem lugares onde se registra um completo abandono do culto de adoração eucarística... Emerge, às vezes, uma compreensão reduzida do mistério eucarístico. Espoliado do seu valor sacrifical, vem vivido como se não ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro de convivência fraterna... Como não manifestar, por tudo isso, uma profunda dor? A Eucaristia é um dom muito grande, para suportar ambigüidade e diminuições” (EE, 10). Para finalizar, o Papa lança um pensamento sobre Maria: “Se queremos descobrir em toda a sua riqueza o relacionamento íntimo que liga a Igreja e a Eucaristia, não podemos esquecer Maria, mãe e modelo da Igreja” (EE, 53).
Fonte:Comshalom.org
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