CNBB divulga mensagem
aos Diáconos Permanentes
do
Brasil
Em agosto, mês das vocações, deparamo-nos com a vocação diaconal e a presbiteral. No dia 10 de agosto, é celebrado o "dia do diácono", na festa de São Lourenço, diácono e mártir e patrono dos diáconos. Em celebração a essa importante data, o Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, dom Pedro Brito Guimarães, saúda aos diáconos permanentes do Brasil e lembra que “quem aceita seguir Jesus, como seu discípulo, assume a condição de servo, com a vocação de servir.”
Leia a mensagem na íntegra:
Brasília-DF, 7 de agosto de 2012
Mensagem
aos Diáconos Permanentes do Brasil
Amados
irmãos diáconos,
Tenho
Sede!
A
diaconia da Igreja decorre da sua íntima união à missão do próprio Cristo, que
disse de si mesmo: "Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a vida em resgate por muitos" (Mc 10,45). Jesus definiu
a sua missão como um serviço que, no fundo, era a realização da vontade do Pai
e do seu desígnio de salvação. É assim que Ele se apresenta como Servo que
deseja ser reconhecido, seguido e imitado: "eu estou no meio de vós como
aquele que serve" (Lc 22,27); "Dei-vos o exemplo para que vós possais
agir como Eu agi em relação a vós" (Jo 13,15). A atitude do servo supõe a
obediência. Servir é obedecer e pôr a vida a serviço da vontade e do projeto do
Pai que O enviou. "É preciso que o mundo saiba que eu amo o Pai e faço
como o Pai me mandou" (Jo 14,31). Portanto, quem aceita seguir Jesus, como
seu discípulo, assume a condição de servo, com a vocação de servir.
A
diaconia na Igreja católica tem a sua origem na diaconia de Jesus. O diaconato
é sacramento da caridade aos pobres e excluídos. Vocês, caros diáconos, “são
ordenados para o serviço da Palavra, da caridade e da liturgia, especialmente
para os sacramentos do batismo e do matrimônio; também para acompanhar a
formação de novas comunidades eclesiais, especialmente nas fronteiras
geográficas e culturais, onde ordinariamente não chega a ação evangelizadora da
Igreja” (DAp 205). Isto quer dizer que vocês, diáconos, não são ordenados para
vocês mesmos, nem para se colocar acima dos demais leigos, nem para desempenhar
funções diferentes da dos presbíteros e dos bispos, mas para a missão, além do
mundo que nos rodeia, para além das fronteiras da fé. Pelo testemunho de vida
doada à missão, incorporados a Jesus Cristo, servo e servidor, vocês, por meio
do sacramento da ordem, devem revelar a dimensão especial da diaconia do
ministério ordenado, ajudando a construir um mundo mais de acordo com o projeto
de Deus.
O
Concílio Vaticano II, no texto da restauração do diaconado, lembra: “dedicados
aos ofícios da caridade e da administração, lembrem-se os diáconos do conselho
do bem-aventurado Policarpo: ‘Misericordiosos e diligentes, procedam em
harmonia com a verdade do Senhor, que se fez servidor de todos’” (LG 29).
Por causa
da dupla sacramentalidade, é de particular importância para vocês, diáconos,
chamados a serem homens de comunhão e de serviço, a capacidade de
inter-relações com todos. Vocês são diáconos na família, na Igreja, na
sociedade e nos locais de convivência e de trabalho. Isto exige que vocês
sejam, a exemplo de Abraão, obedientes, acolhedores, diligentes, caridosos (Gn
22,1ss;18,1ss), afáveis, hospitaleiros, sinceros nas palavras e no coração, prudentes
e discretos, generosos e disponíveis no serviço, capazes de se oferecer
pessoalmente e de suscitar, em todos, relações genuínas e fraternas, prontos a
compreender, perdoar e consolar.
Os
elementos que mais caracterizam a espiritualidade diaconal são a opção pelo
serviço, missão e partilha de vida, a exemplo do amor de Jesus Cristo, que não
veio para ser servido, mas para servir. Vocês, diáconos, devem, por isso, ser
formados para adquirir, cotidiana e progressivamente as atitudes, que, embora
não sejam exclusivamente do diácono, são sinais deste ministério: a
simplicidade de coração, o dom total e desinteressado de si, o amor humilde e
serviço aos irmãos, sobretudo aos mais pobres, sofredores e necessitados, e a
escolha de um estilo de vida baseada na partilha, na pobreza e na missão.
O
ministério que vocês recebem tem como missão ajudar a abrir os olhos da Igreja
e da sociedade para enxergar a realidade dos pobres, excluídos, marginalizados,
desamparados. Ao mesmo tempo suscitar ações, não apenas momentâneas e
circunstanciais, mas permanentes, que conduzam à recuperação completa do bem
estar e da cidadania cristã dos assaltados pelo capitalismo desumano. O diácono
é construtor da solidariedade, na medida em que, pelo seu ministério da
caridade, anima e suscita a solidariedade e o serviço em toda a Igreja.
Por
ocasião da festa do mártir São Lourenço, patrono dos diáconos, celebrada no dia
10 de agosto, manifestamos nossa cordial saudação a todos vocês, diáconos
permanentes do Brasil, com suas famílias - esposas, filhos e filhas -, bem como
aos candidatos das Escolas Diaconais, às Diaconias e à Comissão Nacional dos
Diáconos. Lembrando, por fim, o que diz o Documento de Aparecida: “A V
Conferência espera dos diáconos um testemunho evangélico e impulso missionário
para que sejam apóstolos em suas famílias, em seus trabalhos, em suas
comunidades e nas novas fronteiras da missão” (DAp 208).
Esperamos
que as Diretrizes para o Diaconado Permanente da Igreja no Brasil passem a ser
o manual de instrução, a fim de que o diaconado seja implantado em todas as
dioceses do Brasil.
Que
Maria, serva e mãe do Belo Amor, que guardou e meditou radicalmente a Palavra
de Deus em seu coração, sirva de modelo para o serviço que vocês exercem na
Igreja e na sociedade.
“Amo a
todos vocês no Cristo Jesus” (1Cor 16,24).
Com minha
bênção,
Dom Pedro
Brito Guimarães,
Arcebispo
de Palmas e Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida
Consagrada
Nenhum comentário:
Postar um comentário